FIFCA 2018 - Gala Especial - 25 ABRIL DIA DA LIBERDADE
Com a participação ESPECIAL do Rancho Folclórico do Granho - Salvaterra de Magos - e
(Grupos convidados)
Rancho Folclórico do Granho
Estávamos em pleno ano 1962 (ano da fundação do rancho) quando, após marchas populares, Felício Pedro e Ricardo Silva decidiram formar o Rancho Folclórico do Granho. A ideia era continuar com o convivio e a alegria vividos nesses dois festejos. Como forma de simbolizar a alegria e o ambiente de festa vivido, vestiu-se nas raparigas o seu traje mais rico, que normalmente era usado em dias de festa ou em ocasiões especiais. Em relação aos rapazes, optou-se por lhes vestir o fato de gala do campino da Casa Cadaval. Dança-se tradicionalmente o "Verde-gaio Valseado","Granho ao Entardecer", "Granho em Festa", "Fandango", "Fadinho Batido", "Fado do Campo", "Vira da Alice"," Vira Boeiro" e "Passe Quatre".
Dia 25 de Abril de 2018 - (16:00 h), no Pavilhão Desportivo de Benfica do Ribatejo
(Grupos convidados)
Rancho Folclórico do Granho
COMER TORRICADO NO CAMPO
Naquele ano de 1950, a chuva no Outono, como sempre já se começava a sentir nos últimos dias de Setembro.
Tinham terminado as vindimas, e a ceifa do Arroz, nos canteiros do Paul de Magos, já era difícil para os ranchos, a água dava pela canela. Como chovia sem parar depressa todo o campo, ali para os lados da borda de água, sentia o efeito do transbordar do rio Tejo.
Esta cheia, foi de pouca dura, mas uma outra lhe sucedeu, que durou várias semanas. A água vinda do Tejo, submergiu as terras e juntou-se à que vinha do campo, do lado da charneca – o valado da Vala real tinha rebentado, na zona da Ponte da Madeira. Depois daqueles constantes dias de chuva, os meses passaram e os terrenos começaram a enxugar, em Março foi tempo das reparações. Os agricultores, dos campos de Salvaterra, depressa tinham escolhido na vila - os afamados valadores, muito conceituados no Ribatejo, apoiados por ranchos de mulheres com as paviolas de terra.
Os homens, usavam as pequenas pás de valar, e lá reparavam os vários rombos no curso do valado, até à ponte junto ao cais dos barcos. À hora do almoço, não deixavam de comer uma refeição ligeira, muito usada e apreciada pelas gentes rurais aqui desta zona da Lezíria ribatejana.
- o Torricado.
Uma mulher, acendia a fogueira, e depois já com brasido bem vivo – o homem cortava ao meio um pão de uma semana de cosedura, e feito uns pequenos quadrados no miolo com a navalha, usava uma vara de Loureiro/ ou Salgueiro - para suportar o peso da fatia do pão a uma distância apropriada (vergando um pouco), o pão sob vigilância aloirava, já bem torrado, era untado com toucinho cozido ( muitas vezes de vários dias), ou na sua falta usava-se azeite. O torricado, ainda bem quente – as fatias eram acompanhadas com chouriço de carne/ ou de sangue (cosido de refeições anteriores), em rodelas. Ainda se usava uma posta - fina, de bacalhau cozido em dia anterior/ ou assada no mesmo lume brando. Esta refeição, era acompanhada de vinho/ ou água-pé, que corria pela garganta abaixo, com o garrafão deitado no braço.
Nos finais da década de 60, na pequena Boiça do meu pai, ainda o vi lembrar esta forma de comer – o Torricado.
*José Gameiro
Foto: cedido por António Oliveira - Rancho Folclórico do Granho
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